terça-feira, 19 de abril de 2011

QUEM NUNCA LEVOU UMA DURA?

Leitores da folha, prezo pelo bom senso e rogo que o senso comum não faça tempestade em copo
 d`´agua.
Por pertencer a classe trabalhadora sem carteira de trabalho assinada, sem moradia própria e sem crédito na praça, devido ter feito o favor de comprar um veículo em meu nome para um amigo e ele não pagar a dívida em questão, resolvi investir em ocupações ilegais, possíveis compra de posses em áreas possíveis de morar...
- É claro que a indigência de um cemitério e algum laboratório de anatomia é um bom lugar para repousar minha  arrogância e insensatez. -
Resolvi iniciar uma pesquisa com algumas pessoas que conheço e que conhecem o espaço pouco nobre da região oceânica a procura das tais oportunidades de moradia (o sonho do barraco próprio). Convoquei alguns amigos num sábado ensolarado e subimos o morro da Esperança (foto ao lado) acompanhados do corretor - por sinal muito conhecido nas cercanias - comungando a caminhada com o emagrecimento necessário nos afáveis amigos.
Segundo o mais sábio entre os que subiam o morro, e dizem até que tem poderes extra-ultra-pós transcendental, não haveria necessidade de ultrapassarmos a barreira da segurança, pois o óbvio territorial se fizera presente de longe e portanto foi desnecessário o que passamos. É claro que estou endividado pois provavelmente terei que pagar o analista para  eliminar o trauma que o sábio passou e pior,  provavelmente terei meu nome em todas ocasiões possíveis  exposto por não ter dado ouvido para ele e relembrar o acontecido como massacre psicológico infringindo o quanto puder para ressuscitar minha culpa cristã que está somente um pouco dominada. Ou seja alimentei um algoz, não entrarei em detalhe, posteriormente falarei sobre isso se necessário.
Como o corretor era pessoa comum entre a comunidade não imaginei que 11 horas da manhã,  antes de entrarmos pelo beco  carcomido pelas enchentes e pela erosão, local nitidamente condenado pela Defesa Civil, trilha que  levaria aos píncaros excelso do Morro da Esperança, fomos indagados gentilmente  por funcionários de determinada empresa de alucinógenos e estimulantes ditos ilegais, com arma na mão solicitando que nós os transeuntes estranhos levantássemos a camisa e informássemos o que fazíamos naquele local. Um adolescente de no máximo 13 anos gritava: -Parados, levanta a camisá! (parecia o funk) e nosso corretor após um lapso de tempo, que alias ocorreu com outro integrantes do grupo e comigo, exceto com o sábio, caiu em si e desenrolou nossa ida ao local onde ocorreu desmatamento ilegal, risco de desabamento, precariedade de moradia, pobreza, violência, falta de ação do estado/prefeitura, um caos gestado pela funcionalidade do sistema que vende o mundo como conto de fábulas. Era o que o dinheiro dava prá comprar. E assim ocorre com inúmeros outros trabalhadores que tem como unica alternativa de moradia um lugar como esse.  E a vida continua..
                                 
Continua para nós que conseguimos sair desta sem levar um tiro, para os moradores daquele local, para os vendedores de sonho, de fábulas que nos pararam com   interrogatório veemente, e para quem não passou por nada disso como você que está lendo neste momento...
Resta uma reflexão a respeito de o que queremos que o mundo se transforme, como queremos que seja o mundo? O que estamos fazendo para melhorar o mundo? Que mundo vamos deixar para a futura geração? 
Consumir? Se endividar? Entrar pra igreja? Engendrar nos esquemas de prazeres efêmeros? Apontar o dedo para o outro, sem alteridade nem entendimento da diversidade do humano? Espero que o acontecido sirva de aprendizado sobretudo para os participantes desta narrativa, e tem um anexim que diz: "tudo que acontece comigo é para o meu bem". E para por um termo nesse assunto cito uma frase de uma canção da Pitty "Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra."


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