terça-feira, 12 de abril de 2011

Auto-Engano

O BIG-BANG DA LINGUAGEM NO UNIVERSO DO ENGANO.

No princípio foi o engano. Difícil é saber, quem enganou quem? 
Primeiro Adão, envergonhado de seu ato, tenta enganar a Deus: 
esconde-se com Eva entre as árvores do Éden. 
Descoberto, contudo, ele admite perante Deus a traição 
da promessa de não tocar o fruto proibido. 
O que Adão tenta, então, é eximir-se da culpa acusando Eva 
de tê-lo oferecido sedutoramente a ele. 
Eva, por sua vez, responde à interpelação divina apontando o dedo acusador para a serpente: 
foi ela quem a teria enganado e persuadido a provar o fruto. 
A serpente, porém, o que disse? Ela contou a Eva que a ameaça feita por deus era enganosa – que eles não morreriam ao comer o fruto, mas que os seus olhos se abririam e eles se tornariam semelhantes a Deus no discernimento do bem e do mal.
Foi precisamente o que aconteceu. Adão e Eva não só não morreram como, nas palavras do próprio Deus, temeroso agora de que lês provassem do fruto da imortalidade, "eis que o homem se tornou como um de nós, capaz de reconhecer o bem e o mal" (Gênesis, 3:22). Os sentimentos de vergonha e da culpa, é certo, contaminaram o casal; mas o fruto trouxe um saber divino e não os matou.
Conclui-se, então, que Deus mentiu? Que tentou abafar a aspiração humana de conhecimento e transcendência com uma falca ameaça? Não necessariamente, No sentido literal da verdade, por estranho que pareça, 
a serpente foi mais honesta que Deus.



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